25 de outubro de 2012

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Quem dá mais por Catarina?

René Magritte, Les jours gigantesques

Ontem, no grupo de filosofia, lemos uma crônica sobre o tal "leilão de Catarina", melhor dizendo, de sua virgindade.

Uma aluna indignava-se, abanando-se toda:

- Ai, professor, isso não pode ser verdade... não pode...

Pode, não pode?

Não sei. A Folha de São Paulo publicou matéria hoje a respeito. 


O que sei é que Bertrand Russell tem toda razão: a educação do gosto faria muito bem à humanidade.

Catarina, Catarina, um nome tão bonito. Sabes tu que foi em teu nome que Camões suspirava:

Porque te vás de quem por ti se perde?



 

2 comentários:

  1. Catarina nem um pouco santa, senhora do próprio corpo, mas talvez escrava da ambição, vende o que é seu e - por isso mesmo - não presta contas a ninguém.

    Ao mesmo tempo ambiciosa e desprendida, ela perde a suposta virgindade, ou não, como diria Caetano. Vende-a? Sim, e por excelente preço!

    Mas a $oma vem em função de uma subtração. O que foi vendido, vendido está, e nunca mais voltará. Agora é saber aplicar o dinheiro.

    A bem da verdade, virgindade não configura qualquer função corpórea; não é órgão, muito menos vital. Catarina não se desfez de grande coisa. Ignorando propositadamente que "mãe virgem" é coisa que o panteão católico plagiou das mais famosas mães pagãs da história da religião, fica decretado (pelo papa e seus cardeais) que só Maria detém o privilégio de parir sem perder o lacre.

    Portanto, contentem-se com a efemeridade da própria virgindade, Catarinas, Luzias, Bárbaras, Bernadetes, Claras, Joanas, Ritas, Terezinhas e todas as outras santidades canonizadas por decreto papal. Consolai-vos com o fato de que a supervalorização religiosa ou monetária da virgindade é apenas o eco da primitiva ânsia do macho por ser o primeiro a copular para ter certeza de que é realmente sua a prole que a fêmea gesta. Pagam preço alto pelo hábito transformado em crença. Sinceramente, como ter pena de quem cultiva mentalidade tão obtusa ainda hoje?

    Nossa esperta Catarina, ao se deixar dominar, usou astutamente sua dominação contra o dominador. Lucrou a partir do mito, provando que os sacerdotes já não são os únicos que fazê-lo,e tornou-se mais independente do que nunca. Resta saber se ela já percebeu isso... ;)

    Na França e Alemanha as mulheres solteiras tradicionalmente fazem pedidos e festas à santa Catarina no dia 25 de novembro com a intenção de encontrar um esposo fiel. Com todo esse dinheiro proporcionado por sua bem vendida virgindade, Catarina vai precisar é de dois homens fiéis (ou mulheres): um para contador e outro consultor financeiro.

    Vai que é tua, Catarina! Ou não é mais... ;)

    Sergio Viula
    www.foradoarmario.net

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  2. Querido Sergio. Adorei o texto. É de extremo bom gosto e de um apontamento perfeito! Por isso sou seu fã.

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