25 de junho de 2013

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A teta da professora





Um colega psicanalista de São Paulo relatou que uma professora psicóloga saiu em defesa da “patologização da homossexualidade” pautada na alegação, ouçam bem, de que um gay deu-lhe um apertão na teta em plena Avenida Paulista. Onde já se viu? Coitada! Coisa de gente doente. 


Não há mesmo como não se sensibilizar: tetas costumam ser sensíveis. E não ficar de cabelo em pé ante uma ameaça desse porte: vai que a teta da professora não tem firmeza ou sustentação?


Naturalmente, assim como eu, o colega compadeceu-se da dor da professora: analistas são afeitos ao sofrimento alheio. Mas compaixão tem limites que a psicanálise conhece muito bem: Freud explica. A professora-psicóloga é que não entendeu. Pois bem, ante a tese de “patologização da homossexualidade”, o colega argumentou, tentou de tudo que é mais douto, até jogar a toalha num desabafo: “não há episteme que dê conta da neurose do outro”. 


E não dá mesmo. Uma teta apertada tem razões que a própria razão desconhece. O que dirá de uma neurose? Mas de minha parte, tenho uma opinião quanto às razões (da teta) da professora. É um palpite, tá? Vou arriscar: o apertão deve ter lhe causado na pele a consciência de que sua teta não é nada fálica. Dramático. Já imaginou as piadas dos alunos acerca da tetinha?


Mas nada de pânico professora. Se for o caso, tetinhas têm cura. Os transexuais, por exemplo, podem perfeitamente ajudá-la a se livrar dessa terrível dor. Todo mundo reconhece: eles têm um peito e um coração enormes. Além de fálicos, obviamente. E quem sabe com uma boa calibrada a professora não esquece de patologizar os gays e passe a desejar mais do que tudo um apertão na teta em plena Avenida Paulista?


Ah, um convite professora: SEXTA próxima, 28 de JUNHO (Dia Mundial do Orgulho LGBT), às 16h, Caminhada contra a Homofobia no Rio de Janeiro, da Candelária até a Cinelândia. Vamos? O que vai ter de teta fálica...

4 comentários:

  1. Olha, é tão cômica - ou seria tragi-cômica esta siuação, que não sei se rio, se tenho raiva ou pena da professora!!!
    A começar pela "teta"... gente, desculpe, mas sempre usei esse termo me referindo a vacas! Ela não deve mesmo ter muito apreço pelas suas, para chamá-las assim. Sei que não é errado, mas é muito feio!
    Depois, me parece que patológico é o caso dela, não? A essa altura do campeonato, pregar a cura gay, além de peito caído, ela é cafona! Isso não tem mais vez, minha senhora. Como curar o que não é doença?
    Já sua cabecinha, assim como - vá lá, se é assim que a senhora gosta suas tetas podem ser tratadas.
    Cuide disso, por favor, porque falas como a sua, se encontram eco, só fazem esse país já tão conturbado, perder mais pessoas decentes, amadas, honestas, espancadas até a morte por homofóbicos ensandecidos.
    Enquanto isso, pessoas que se preocupam com a sexualidade alheia, e provavelmente não vivem a sua própria, passeiam pela Paulista reclamando de beliscão.
    Peço desculpas mais uma vez, mas acho que uma passada de mão na bunda lhe cairia muito bem! E um divã, claro...

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  2. Sem falar que teta é também sinônimo de indignação: "que teta!". Assim conotada, tudo indica que a "teta" da professora, deveras preocupada em patologizar a sexualidade alheia, e mais particularmente a dos gays, seja ainda mais uma "teta" em relação à sua própria sexualidade.
    Que "teta" professora!

    Obrigado por sempre acompanhar o Diário!


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  3. Eu é que agradeço.
    Com seriedade, mas também humor muitas vezes, tratam-se de temas muito importantes aqui.
    É um espaço de reflexão muito bacana.
    Vi nascer este Diário e estou adorando acompanhar seu crescimento!

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    1. Filosofia e Psicanálise de mãos dadas: desejo de Política e política do Desejo.
      Muito bom poder contar com você nesta caminhada.

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