20 de junho de 2013

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Não foge à luta






Uma aluna me disse que leu não sabe onde que o Brasil mudou de status. Passou de “deitado eternamente em berço esplêndido” a “verás que um filho teu não foge à luta”. 


Brilhante! Parabéns a quem teve a sacada. 


Claro, salve! salve! o poeta Joaquim Osório Duque Estrada, que ostenta estrelado o  verde-louro desta flâmula. Embora pouca gente traga a letra do hino nacional na ponta da língua e não entenda bem o que ela quer dizer, uma coisa é certa: "gigante pela própria natureza, és belo, és forte, impávido colosso, e o teu futuro espelha essa grandeza, terra adorada". Alguém duvida?


Mas foi preciso um deslocamento, nas ruas e nos versos, para fazer surgir um sentido novo na História. E um tempo novo também. A gente sempre soube, mal ou bem a letra, que entre outras mil, és tu Brasil, ó pátria amada, e que dos filhos deste solo és mãe gentil, pátria amada Brasil, mas só agora, em 2013, de alguma forma, a gente parece se reconhecer nos versos, na letra, na História do País.


Exatamente o que a gente faz numa análise em relação à nossa própria história: nós mudamos de status. A gente se deita no divã justamente para não continuar adormecido, para despertar para a nossa vida, a nossa verdade. A verdade, no sentido analítico, não é sinônimo de exatidão, mas de construção, ela é da ordem do "eu sempre soube mas só agora, através da minha fala, eu me reconheço". Numa análise a gente passa de deitado eternamente em berço imaginário a verás que um sujeito não foge à luta pelo desejo.


Luta pelo desejo, ó Pátria amada, não verás, mas estás a ver: filho teu não foge à luta. Refiro-me naturalmente aos que te amam e te adoram de verdade, os que estão nas ruas, aos milhares, milhões, não para matar nem morrer, mas para viver por ti.


A gente sempre soube do gigante pela própria natureza, mas só agora a gente se reconhece no que conseguimos conquistar com braço forte.

4 comentários:

  1. MA-RA-VI-LHO-SO!
    Esse tem que ir para o proximo livro!

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  2. Prezado C. Pfeil
    Me emocionei ao ler. Brilhante texto, brilhante sacada!
    Marco Noronha

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  3. Simplesmente lindo... muito bom mesmo.
    Realmente parece que só agora algumas frases do Hino Nacional, que, diga-se de passagem é lindo, parecem fazer sentido. Mas muito mais que sentido gramatical, interpretativo. Os referidos versos passam a ter um sentido emocional/emocionado, com sensações motivadas pelo ideário nacional, que de alguma maneira convergiu para um mesmo ponto, formando assim um cooperativismo geral em todos os cantos desse país. Dizem que somos um país de dimensões continentais, com tantas características distintas que muitas vezes é difícil estabelecer um diálogo de ideias e pensamentos... bom, acho que vimos que isso não é verdade, né? Avante Brasil.
    Leandro Hardoim

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  4. VOcê é o máximo, sabia?
    Que bom poder provar do seu saber, sabor...
    Beijo derretido.

    Karla Milward

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