17 de junho de 2013

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A prova nas ruas






O vestibular na França - o  baccalauréat - começou hoje em todo o País. Primeira prova: Filosofia. Os candidatos deverão discorrer sobre um tema, dentre vários propostos, de acordo com a área de cada um. 

Os que optaram por Letras ou Literatura, por exemplo, deverão trabalhar em cima do tema "A linguagem é apenas um instrumento?". Já os da área científica: "É possível agir moralmente sem se interessar pela política?". Nada de múltipla escolha, tem que escrever mesmo. Uma bateria de cento e setenta mil examinadores se encarregará da correção das quatro milhões de reflexões.

Bem, nem tudo está perdido. Pelo menos na França. A Filosofia como prova inaugural do vestibular pode até ser uma escolha aleatória, mas não é menos simbólica. E prática: a reflexão sobre a alçada da linguagem e da ética é mais do que imprescindível em tempos onde os discursos se atropelam nas ruas. E onde o pau quebra também.

Lá e cá.

Fiquei a imaginar um tema de dissertação filosófica na hipótese de um baccalauréat carioca com data para hoje. Sugestão:

“Para que serve a Polícia? Autoridade tem limites? Existe algum fundamento ético para a repressão?”

Que tal? Coragem candidatos! E acima de tudo, cabeça fria, olhos bem abertos, todo cuidado é pouco. A prova está nas ruas. E muita gente de uniforme quebrando cabeça por aí...Quebrando cabeça mesmo. 

Como se diz em francês: casse-tête.

2 comentários:

  1. "E muita gente quebrando cabeça por aí...Como se diz em francês: casse-tête"...Sensacional!

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