26 de julho de 2013

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A distân(s-i)a de cada um





Uma amiga de infância, leitora assídua do Diário, escreveu indignada. 

“Acho engraçado, diz ela, as pessoas que escrevem aqui - Não sou católico mas admiro muito o Papa Francisco - quase pedindo desculpas, como se fosse uma deferência, um favor. Será que é preciso ser budista para admirar o Dali Lama, Hindu pra admirar Gandhi? Espírita para gostar do Chico Xavier? Fluminense para admirar um gol bonito do Fred?"

Colocação muito interessante. A primeira coisa que me veio à cabeça foi o seguinte:
"Não sou católico mas admiro muito o Papa Francisco". Leia-se: ao mirar, ad-mirar o que não pertence a mim, não estou deixando de ser EU não, viu? 

Crença na identidade, pura ilusão. Como se apartar-se do outro, excluir, dividir fosse a garantia de ser. Apartar-SER. Excluir-SER. Dividir-SER. 

Ora, SER não é justamente a própria miragem de pertencer a si, de ser si mesmo, provocada pela divisão que já SO/MOS e que nos coloca sempre a distância de S/I? Ser não é uma relação de distância em relação ao outro. Ser é a imagem às avessas da distância em relação a si, da distân(s-i)a inerente a cada um.

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