Portugal
que encontramos é um País devagar, devagar quase parando.
O
povo português, reconhecidamente mais afeito à nostalgia e à tristeza do que à
euforia e à alegria, parece encolher-se ainda mais na baixa estatura que lhe é
peculiar. O olhar geral é fosco, sem viço. Pior, sem saber para onde olhar:
colônias já não há, e o anunciado Paraíso comum Europeu também não.
Ademais, o
adágio "casa portuguesa com certeza" - cantarolado por Amália, a Rodrigues; por Amália, minha mãe; por minha avó, assim ouvi dizer desde criança - ressente-se da própria falta de
voz, de boa acolhida, de gentileza, ficando essencialmente por conta das belas fachadas de
azulejos, as quais encantam-nos a vista e arrancam-nos suspiros apaixonados, seja à luz do
sol, seja à sombra dos lampiões. Felizmente, Lisboa é também casa de amantes e poetas. Sem eles, o país lusitano de hoje se assemelha a uma vetusta e decadente casa portuguesa de incertezas, onde não se entoa nada mais do que o passar moribundo das horas, fatigadas e rendidas ao próprio destino.
Nesse fado cotidiano, a única coisa que nos transmitiu, por assim dizer, uma espécie de pulsação
criativa do novo - afora o espetacular Oceanário de Lisboa: imperdível! - foi um protesto de
rua com não mais de uma centena de manifestantes, acompanhado dois dias depois,
de uma paralisação de metrô. Ironia
do destino, a maré de manifestações que sacudiram a ex-colônia Brasil, parece
ter desaguado, num refluxo em proporções lusitanas, no Tejo do ex-império colonial.
Lá
e cá, cá e lá, vamos ver no que vai dar.
Oh, musa do meu fado,
Oh, minha mãe gentil!
Oh, minha mãe gentil!
Nossa
esperança é a de que ideal do fado tropical não venha mesmo a se cumprir.
Lisboa, novembro 2013 |
"Te deixo consternado"
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