Henri Matisse, La danse de Paris 1932 |
Uma criatura se apresenta no Facebook com o seguinte perfil: cantor, compositor,
guitarrista, ator, modelo, bailarino, produtor, fotógrafo, videomaker, escritor, militante de Human Rights (assim mesmo, em inglês).
Nossa! Difícil imaginar uma criatura dessas de bobeira, indo tomar um sorvete na esquina, pedalando na praia, olhando o mar, dando uma cochilada depois do almoço. Já imaginou o(s) celular(es) tocando sem parar? Os emails a responder, Twitter, Facebook, sei lá mais o quê? Confesso também que “militante de Human Rights” me soou estranhamente: vão dizer que se fosse Droits de l’Homme me cairia melhor. Enfim, são detalhes. Não duvido nem contesto tantos talentos num ser só, pelo contrário, admiro tamanha versatilidade. Aposto até que ele deva ter mais alguns e que, muito provavelmente por modéstia ou distração, os deixou de fora da lista. Mas um, com certeza - a julgar o espetacular elenco de profissões em cena - ele tem: potencializador de tempo.
Fico porém pensando numa coisa. Não deve ser nada fácil transbordar talento assim. Já imaginou? No mínimo entrave, preguiça ou hesitação da criatura, o pelotão de identificações profissionais a tamborilar a cabeça: Tá-lento! Tá-lento! Tá-lento!
Menos talvez seja mais. Desprender-se no nada, no vazio, no transitório. Menos exposição, imposição, mais respiração, inspiração, vento. Amar profundamente o silêncio, tornar-se leve de ruídos, palavras, até mesmo gestos. Presença sem pressa, plena de olhos, da cor da chuva, da madrugada. Fôlego, sopro, cheiro do afago: alento.
Isto: alento é (t)alento. Talento de alentar, (t)alento de viver.
Nossa! Difícil imaginar uma criatura dessas de bobeira, indo tomar um sorvete na esquina, pedalando na praia, olhando o mar, dando uma cochilada depois do almoço. Já imaginou o(s) celular(es) tocando sem parar? Os emails a responder, Twitter, Facebook, sei lá mais o quê? Confesso também que “militante de Human Rights” me soou estranhamente: vão dizer que se fosse Droits de l’Homme me cairia melhor. Enfim, são detalhes. Não duvido nem contesto tantos talentos num ser só, pelo contrário, admiro tamanha versatilidade. Aposto até que ele deva ter mais alguns e que, muito provavelmente por modéstia ou distração, os deixou de fora da lista. Mas um, com certeza - a julgar o espetacular elenco de profissões em cena - ele tem: potencializador de tempo.
Fico porém pensando numa coisa. Não deve ser nada fácil transbordar talento assim. Já imaginou? No mínimo entrave, preguiça ou hesitação da criatura, o pelotão de identificações profissionais a tamborilar a cabeça: Tá-lento! Tá-lento! Tá-lento!
Menos talvez seja mais. Desprender-se no nada, no vazio, no transitório. Menos exposição, imposição, mais respiração, inspiração, vento. Amar profundamente o silêncio, tornar-se leve de ruídos, palavras, até mesmo gestos. Presença sem pressa, plena de olhos, da cor da chuva, da madrugada. Fôlego, sopro, cheiro do afago: alento.
Isto: alento é (t)alento. Talento de alentar, (t)alento de viver.
Quero
aprender essa profissão. E se tiver que exercer uma, verdadeiramente, que seja a única.