MAR - Museu de Arte do Rio de Janeiro |
Quando falo
ri-o-de-ja-nei-ro
sinto as sílabas diluírem-se
em minha língua
sabor do pão
de açúcar
de quando era menino
meu amor de hoje
Quando sinto meu amor triste
é como se não houvesse quando
nem menino
nem boca para adoçar
nem pão nem açúcar
nem boca para falar
nem rio nem janeiro
nem carnaval para brincar
nem hoje nem nada
nem vida
para quê?
Só se for para dizer
- amor meu doce amor!
você é meu pão meu açúcar
minha alegria meu carnaval
meu rio de janeiro
de todos os tempos
maravilhoso destino
Destino eleito
Confeito desfeito
Violento jeito
Malfamado a eito
Perfeito leito
De corpo bem feito
Malandro proveito
De beijo satisfeito
Ri - o - de - ja - ne - i - ro
saboreado assim
pão pão
de açúcar
grão torrão
de meninice -
sem esse doce menino
não não não
não vivo!
E eu almejo ser
o próprio desentristecer
o adoçar da sua fala
da sua boca
do seu pão
o abraço que aquece
a presença que conforta
o beijo que em você
provoca
num jorro súbito
o di-lu-ir-de-to-da t-r-i-s-t-e-z-a
Claudio Pfeil