Pedro II, Petrópolis, RJ |
Existiu um governante que adorava livros
Pensar que já tivemos um governante que adorava livros
Pensar que já tivemos um governante que adorava pensar
Pensar que já tivemos um governante que pensava
Pensar que pensar é coisa de Pedro
Pedro
Não o primeiro
O segundo
Um Pedro que vale por dois
Mais talvez
Muito mais
Quem sabe até
Por todos nós
Cegos no meio de tanto cinismo
Oportunismo
Ignorância
Pedro
Tu mesmo
Que um livro tens à mão
Sentado
Levanta-te!
Já que tu és Pedro
Majestosa pedra de nossa memória
Que a este solo tanto amaste
A ponto de ter um quinhão de terra
À cabeça deitada
Em teu leito de morte
Pedro
Tu mesmo
Levanta-te!
Faça-os calar
Suplico-te!
Faça-os calar esses todos
Pérfidos!
Cafajestes!
Desgovernados de si próprios!
Que se arvoram em nos governar
Se banqueteiam em usurpar
Sujos a nos sugar
E se por amor ainda fores capaz
Pedro
Tu mesmo
Faça-nos ouvir
Todos
Sem exceção
Os que por bem dessas pedras
Damos-lhes o coração
“Tu és Pedro
Pedreiro do firmamento
E com esta pedra que carregas na mão
Não precisas de salvadores
Nem bons, nem ruins
Menos ainda dos falsos
Sabes Pedro, o porquê?
Tens a ti mesmo como obra
Tua obra, tu mesmo
Tua pedra, tu mesmo
Tua Pátria, tu mesmo
Livre"