O
gigante intelectual Antônio Cândido escreveu um belo artigo - lá se vão mais de
dez anos - no qual elenca dez obras indispensáveis para se conhecer o Brasil. O
artigo* (publicado na edição 41 da revista Teoria e Debate, com data de
30/09/2000) está circulando na internet, prova de que, no meio de tanta bobagem
e estupidez, muita coisa boa existe e resiste.
Vale
a pena lê-lo na íntegra. Ainda que a gente sofra, como foi meu caso do início
ao fim da listagem, em constatar que não leu nada, ou quase nada, de realmente
essencial acerca da História do Brasil.
No
último parágrafo, simpatizei-me com Antônio Cândido ao nos fazer parte de seu
remorso “não apenas por ter excluído entre os autores
do passado (...) mas também por não ter podido mencionar gente mais nova (...)
etc. etc. etc. etc”. Muito digno e elegante. Ninguém duvida que sua tarefa é
hercúlea e que há que se ter o cacife intelectual comparável ao seu para
bancá-la. E critérios rígidos para levá-la a cabo, no caso em questão, os de
sociólogo-historiador.
Mas modestamente, e com o maior respeito do mundo, peço
licença ao escritor e militante para fazer uma pequena-tripla ressalva: sem a
ironia crônica de Machado de Assis, a pitada sensual de Jorge Amado e o
"matutês" de Guimarâes Rosa, dá para conhecer o Brasil? Sem falar nas
absurdezes de Clarice...
Pronto:
sem querer, já tenho quatro nomes para a minha lista do que não pode faltar.
Faltam seis: socorro!
* Na íntegra:
http://blogdaboitempo.com.br/2013/05/17/antonio-candido-indica-10-livros-para-conhecer-o-brasil/
Realmente a Literatura e seus autores, são de vital importância para a elevação do caráter de uma pessoa em sua evolução. O conhecimento via literatura cria caminhos de abertura da mente e da suas possibilidades como pessoa e como profissional em todas as áreas a que se dedique. Na convivência e na inter relação da sua vida , tudo fica mais claro e prazeroso, nessa "viajem" por tantos caminhos e tantas situações diferentes onde se vive na imaginação que nos leva a lugares nunca antes visitados e vivenciados. Vivenciar na imaginação nos faz crescer e nos tornar pessoas melhores e mais abertas as coisas boas da vida, minimizando o lado pesado e desagradável que está principalmente na nossa mente. Mundo das Letras, mundo da imaginação, e lembrando que somos exatamente do tamanho dos nossos sonhos !!
ResponderExcluirCaro "Tio Dé"
ResponderExcluirBelo comentário.Recomendo, caso já não o tenha feito, que assista ao filme "Dans la Maison" ("Dentro da Casa"), de François Ozon. Creio que ainda está em cartaz.
Tudo a ver com a "viagem" mencionada acima. Parodiando você, permita-me:
"Mundo das Letras, mundo da imaginação, e lembrando que somos exatamente do tamanho do...Simbólico!"
Obrigado por acompanhar o Diário.
Permita-me citar uma das passagens mais belas da nossa Literatura. Trata-se de uma descrição dos índios de Darcy Ribeiro, em O Povo Brasileiro, p. 45, no momento em eles percebem a chegada dos europeus:
ResponderExcluir“Para os índios que ali estavam, nus na praia, o mundo era um luxo de se viver, tão rico de aves, de peixes, de raízes, de frutos, de flores, de sementes, que podia dar as alegrias de caçar, de pescar, de plantar e colher a quanta gente aqui viesse ter. Na sua concepção sábia e singela, a vida era dádiva de deuses bons, que lhes doaram esplêndidos corpos, bons de andar, de correr, de nadar, de dançar, de lutar. Olhos bons de ver todas as cores, suas luzes e suas sombras. Ouvidos capazes de alegria de ouvir vozes estridentes e melódicas, cantos graves e agudos e todas a sorte de sons que há. Narizes competentíssimos para fungar e cheirar catingas e odores. Bocas magníficas de degustar comidas doces e amargas, salgadas e azedas, tirando de cada qual o gozo que podia dar. E, sobretudo, sexos opostos e complementares, feitos para as alegrias do amor.”
Claudio, gosto demais qdo o vejo abordar "nossa terra nossa gente". Parabéns pelo comentario.
ResponderExcluirBj. Carmen