O Rio hoje, um certo ar de Paris.
Chuva, luz fosca, escorrer melancólico das horas refletidas no asfalto, fachadas sombrias, mudas, janelas fechadas. Até a montanha que vejo do meu escritório, sempre verdejante, hoje parece diluir-se nas gotas dançantes da vidraça. O Rio descobre-se cinza, parece estranhá-lo, padece da monocromia e pergunta-se: onde estou, quem sou? Em Paris o cinza é arte, no Rio é estranheza.
Lembrei de minha senhoria da rue Hermel, uma senhora elegante, sempre nos trinques. Numa tarde chuvosa, atravessávamos o Bois de Boulogne em seu carro quando subitamente me indagou:
- Vous avez remarqué que la pluie à Paris est argentée?
Quase tive um sobressalto: "você já reparou que a chuva de Paris é prateada?" Achei graça com o que para ela parecia óbvio, para mim não. Passei a prestar mais atenção.
Começou com a prata, naquela tarde em Paris. Desde então, toda vez que chove, abro bem os olhos e me pergunto: que cor tem essa chuva?
A chuva chove, molha, e eu vivo inventando uma cor para ser só dela.
A chuva do Rio é maravilha.
Paris argentum, Rio mirabilis.
Chuva, luz fosca, escorrer melancólico das horas refletidas no asfalto, fachadas sombrias, mudas, janelas fechadas. Até a montanha que vejo do meu escritório, sempre verdejante, hoje parece diluir-se nas gotas dançantes da vidraça. O Rio descobre-se cinza, parece estranhá-lo, padece da monocromia e pergunta-se: onde estou, quem sou? Em Paris o cinza é arte, no Rio é estranheza.
Lembrei de minha senhoria da rue Hermel, uma senhora elegante, sempre nos trinques. Numa tarde chuvosa, atravessávamos o Bois de Boulogne em seu carro quando subitamente me indagou:
- Vous avez remarqué que la pluie à Paris est argentée?
Quase tive um sobressalto: "você já reparou que a chuva de Paris é prateada?" Achei graça com o que para ela parecia óbvio, para mim não. Passei a prestar mais atenção.
Começou com a prata, naquela tarde em Paris. Desde então, toda vez que chove, abro bem os olhos e me pergunto: que cor tem essa chuva?
A chuva chove, molha, e eu vivo inventando uma cor para ser só dela.
A chuva do Rio é maravilha.
Paris argentum, Rio mirabilis.
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