Operários, Tarsila do Amaral |
Sinto medo, terrível. Meu medo, de
fazer tremer na raiz meu amor pelo Brasil, é que toda essa lama na qual
estamos afundados, CPIs que começam todos os dias à luz dos holofotes,
manchetes de jornais, e
vão-se-emendando-umas-nas-outras-umas-nas-outras-umas-nas-outras-umas-nas-outras-umas-nas-outras-umas-nas-outras-em-emendas-e-remendas-sem-fim, acabem virando, parafraseando o companheiro Delúbio Soares -
aquele mesmo, da máfia dos vampiros, do mensalão e outras falcatruas mais – piada de salão, piada de (men)salão. Engraçado, não?
Seria até, e muito. Se a piada de (men)salão, a exemplo das CPIs, não se emendasse noutra: piada de País - esta sim, triste, muito triste, de dar um medo horrível, apagar de luzes, além do amargo (des)gosto do que poderia ter sido, e não foi. Sinto medo, terrível: drama da piada de País.
Mas daí penso em Darcy, Machado, Carlos, Manoel, Clarice, Casemiro, Cecília, Cora, Nise, Oscar, Joãozinho, Guimarães, Tarsila, Cândido, Burle, Sebastião, Tom, Betânia... – benditos sejam, meu Deus! Fazem-me esquecer as falas burras, pensamentos retrógrados, intenções espúrias daqueles que vivem a fazer-de-conta de que se atarefam com algo muito importante quando a única coisa que lhes importa realmente é vampirizar o País, manter-se no poder custe o que custar, fomentar e acobertar a bandidagem, sacanear a gente. Canalhas, sacanas, piadistas de salões, de Câmaras, de Palácios, de País.
Alegro-me então, não da piada canalha, mas do meu próprio drama: enquanto eu tiver medo e chorar, é porque acredito num país de verdade, e por ele quero viver com garra e amor. Se tremer na raiz for preciso, que seja por amor.
PS: Mal acabo de escrever o texto, leio a manchete de jornal: CPI da Petrobrás aprova relatório que livra políticos de investigação.
Claudio Pfeil
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