No Brasil, a Política está para a Família, como a Cultura para o
entretenimento. Mesma promiscuidade. Mesma hipocrisia. É preciso separar
as coisas, ter a coragem e a lucidez de reconhecer a especificidade de
cada uma, sob o risco de desmerecer e depauperar uma e outra.
Política não é família, parentela, irmandade, camaradagem.
Cultura não é entretenimento, lazer, distração, passatempo.
Cultura não é entretenimento, lazer, distração, passatempo.
Cultura no Brasil é sinônimo de show de música, show na praia, banda,
palco montado, espetáculo, fogos de artifício. Um belo dia, inaugura-se
um museu – fato memorável não só Brasil, como na cidade maravilhosa,
“terra do samba da mulata e do futebol”: um museu? Ohhhhh! Em toda minha
vida eu só vi dois museus serem inaugurados aqui.
O Museu é de
fazer cair o queixo de tão lindo, as linhas falam, evocam, inspiram,
elevam, enfim, abrem-nos as portas e a imaginação do futuro. Foram
quatro anos de construção, caos no trânsito e bate-boca acalorado entre
detratores e defensores de todo um projeto de revitalização “cultural”
da cidade. O projeto é arrojadíssimo, assinado por um dos mais
talentosos arquitetos contemporâneos (Santiago Calatrava), e tem nome e vocação promissores –
“Museu do Amanhã”, espaço dedicado à ciência criado para pensar o
futuro. Finalmente pronto, hora de cortar a faixa. Nesse instante tão
raro e significativo, que fato chama-me a atenção?
O Museu por si
mesmo parece não bastar: é preciso show, armar o palco, fazer o “viradão
carioca” madrugada afora, bem no meio do espaço público frente ao
Museu, ambos recém-nascidos. A pergunta que me faço: qual a necessidade
de se fazer um show no dia da inauguração de uma preciosidade dessas? A
menos que a mensagem seja esta: Cultura não basta para atrair as
pessoas, tem que ter algo mais para alegrar, divertir, agitar a galera –
leia-se: entretenimento. E a triste constatação na manhã do dia
seguinte, tanto mais para um Museu que convida a refletir sobre o futuro
com base no impacto das ações humanas no planeta: a praça do Museu, uma
lata de lixo só. Dane-se! - de que servem lixeiros, não é mesmo?
Nada contra shows, entretenimento, não se trata disso. A questão é
outra, bem outra, a qual resumo nos seguintes termos: o que será do
AMANHÃ com um HOJE sem educação? O Brasil tem camaradagem e divertimento
de sobra: somos um País jovem, solar, alegre, bem-humorado, musical,
sensual, País do bate-papo, boteco, futebol. O que falta são
ações que vão até a raiz do ser humano e o possibilitem interpretar o
mundo e responsabilizar-se por ele. Lygia Fagundes Telles disse uma vez:
'Sabendo interpretar o que lê, o estudante organiza as ideias e produz
bom texto. O resto é conversa, falsa teoria'. Eis alguém com coragem e
lucidez.
Ser capaz de interpretar e produzir o bom, o bem. Esse é
o sentido de cidadania, que nada mais é do que uma política da cultura e
uma cultura da política. Ou simplesmente isto: agir segundo fins e
valores que façam brotar uma certa ideia daquilo que o homem é capaz de
fazer de melhor.
O resto, como diz a nobre escritora, é conversa, falsa teoria.
Claudio Pfeil
Excelente reflexão.
ResponderExcluirreflexão, essa montagem horrivel que vc fez, além de não ter talento pra usar o photoshop, vc é farsa, divulgando coisas falsas, nojo de pessoas como vc!
ResponderExcluirPois é Claudio, ainda há quem se coloca como avestruz e acredita que você odeia o Brasil, Rio de Janeiro, a ponto de fazer montagem de uma foto tão óbvia só pra criticar o brasileiro. O Parque (maravilhoso) de Madureira, um presente impensável para os moradores do subúrbio, sofre da mesma doença. Muitos dias precisam interditá-lo para desentupimento e limpezas emergenciais. Parabéns pela sua reflexão. Nada justifica essa podridão, nem a Dilma, nem os hospitais e escolas com péssimas qualidades, nem a falta de lixeiras, porque as consequências atingem a todos, mesmo aos poucos cidadãos conscientes.
ResponderExcluirPois é Claudio, ainda há quem se coloca como avestruz e acredita que você odeia o Brasil, Rio de Janeiro, a ponto de fazer montagem de uma foto tão óbvia só pra criticar o brasileiro. O Parque (maravilhoso) de Madureira, um presente impensável para os moradores do subúrbio, sofre da mesma doença. Muitos dias precisam interditá-lo para desentupimento e limpezas emergenciais. Parabéns pela sua reflexão. Nada justifica essa podridão, nem a Dilma, nem os hospitais e escolas com péssimas qualidades, nem a falta de lixeiras, porque as consequências atingem a todos, mesmo aos poucos cidadãos conscientes.
ResponderExcluirMeu querido primeiro analise seu país, para depois vir analisar o nosso, conheço muitos lugares da França e não vejo nunca um primor de limpeza e educação!! E em segundo lugar analise primeiro o local para falar depois, aonde você está vendo uma lixeira? Nenhum lugar né? Porque não volta para seu país de origem que está precisando de gente como você ao invés de ficar se dando ao trabalho de falar mal do nosso povo e vivendo em nosso país!! Se toca .... Palhaço
ResponderExcluirO fato é, Educação precisa de base...nada se construí de forma solida, sem que seja planejado e visualizado, se não todas, mais a maioria das variantes... A questão é que sem lixeira...fazer
ResponderExcluirParabéns pelo seu texto sempre claro, sem rodeios ou meias-palavras, porém, polidas. Realmente, o Museu é grandioso, futurista. Mas, nesta foto, antes de enxergarmos a "escultura", o que nos chama mais atenção é a quantidade enorme de lixo espalhado pela praça toda. Não tem como negar, enganar, fechar os olhos e fingirmos que "está tudo bem". A educação vai muito mal. Esta educação independe de cor de pele, de situação financeira, de nível escolar ou de status. Ela tem que vir do berço, de dentro de casa, dos exemplos passados de pais para filhos. Não se aprende nas escolas, nas ruas menos ainda, muito menos os políticos vão ensinar. Responsabilizar a falta de lixeira? Dizer que deveriam ter distribuído saquinhos para lixo, para depois largar os saquinhos no chão? Não tem desculpas.
ResponderExcluirAh, e outra...vamos ser educados sem procurar algum "bode expiatório"? Ser educado independe de raça, inclusive. Se é para compararmos, vamos copiar o que tem de BOM nos outros países e não nos nivelarmos por baixo.