1 de outubro de 2013

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Nova-iorquinos: tão diferentes, tão parecidos (Parte 4)

Harlem, NYC: Black's beautiful!

Agora, vejamos as parecenças. Os nova-iorquinos são simpáticos, sorridentes, brincalhões, dão risada por qualquer coisa, adoram fazer piada. Alguns parecem meio bobalhões, infantis, mas não lembro de ninguém de mau humor. Melhor assim. São falantes, comunicativos, falam alto, lotam literalmente, de segunda a segunda, os bares com televisores transmitindo non stop partidas de baseball. Olham para a gente, não desviam o olhar, abordam e deixam-se abordar facilmente, sem formalidade: - Hi! - Hi! O tom pode soar exagerado, artificial. Nossa housemate, por exemplo, cada vez que dava de cara com a gente miava feito uma gata estridente: Yeeeeeeeee! No início a gente estranhou, durante também, mas era sempre tão fofa e prestativa que a gente passou a imitá-la: Yeeeeeeeee! Uma delícia. 

Outra coisa: os nova-iorquinos são desencanados, descolados, despojados. Paradoxalmente ao fato de viverem na Meca do consumo, bombardeados sem trégua pelos ditames da moda na maior concentração de grifes do planeta, os nova-iorquinos dão-nos a impressão de que usam e abusam da roupa e do cabelo como bem entendem, cada um arvorando uma novidade, re-criando um estilo: cada um é New-em-York. Andam e vestem-se à vontade, básicos ou mais ousados, meio largados, irreverentes - camiseta (é verão!), bermuda, short, shortinho, pernocas de fora, tênis coloridos, fluorescentes. Claro, há também o tipo Calvin Klein mega elegante, os yuppies, ladies Chanel de salto agulha passeando com seus cachorrinhos no Upper East Side: estamos em NYC, certo? No Harlem, em especial, mulheres e homens deitam e rolam no Black Power, nas cabeleiras enormes (que lindas!), no brilho, no colorido, nos acessórios dourados com pingentes brilhantes: correntes e pulseiras longas e grossas, cruzes enormes, argolões. Definitivamente, Black’s Beautiful

No Central Park, os nova-iorquinos deitam nos gramados, tiram a camisa, tomam sol de biquíni sem serem incomodados pelos guardas (aliás, que guardas?). Sentam nos degraus de entrada dos edifícios para fumar, bater-papo, tomar ice coffee no canudinho. Comem ou “almoçam” literalmente andando - pizza, nuggets, frango frito, batata frita, salada, sanduíche - dentro do metrô, de pé encostados na parede, sentados no hidrante, na mureta, na calçada. Um rapaz de terno alinhado, com um buquê de lírios brancos chiquérrimo, para no trailer da esquina: hot dog please?

Nova-iorquinos parecem não gostar de complicar a vida.


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