Une Estonienne à Paris (em português: Uma Dama em Paris), de Ilmar Raag, 2012, é a prova de que para se fazer um bom filme não
são precisos efeitos nem acontecimentos espetaculares.
Bastam a palavra e o silêncio.
A palavra que diz e silencia, o silêncio que cala e diz.
Palavra que silencia, silêncio que fala.
Palavra e silêncio sustentados por uma interpretação que não faz "pronta entrega", muito menos dá "solução", pelo contrário, deixa intactos o enigma do desejo e a crueza da dor. Um duo
de atrizes magistral num jogo dramático, instigante, comovente e de
extrema sutileza. Tudo amalgamado pela imagem que não força nada, dá
simplesmente a ver. Não é a toa que o filme termine num olhar. Um verdadeiro show.
O resultado é a emoção de quem assiste e a sensação de que cinema, mais
do que diversão, é respiração. E que interpretar, antes de qualquer outra coisa e acima de tudo,
é a arte de saber respirar. De tirar o fôlego de qualquer um.
Vou lhe dizer: Jeanne Moreau e Laine Mägi tem pulmões de aço.
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