"A
bottle of Vodka" foi a resposta do canadense quando lhe
indagamos o que queria de lembrança do Brasil. Achamos para lá de
curioso, para não dizer estranho. Cachaça? Não, vodka mesmo.
Alguma marca em especial? Não, qualquer uma. Certamente devia ter
uma razão. Pedido acatado, é claro, mas junto a ele levamos nosso estoque pessoal de cachaça. Ainda bem.
A
estranheza causada pela insólita encomenda persistiu durante alguns
dias. Mas depois de ver tanta gente andando na rua com copos enormes
de café em vez de cerveja ou coisa parecida, palpitamos que tinha
alguma relação com ela. E tem: bebida alcoólica no Canada não só
é altamente taxada pelo governo, como só é vendida em lojas
autorizadas e contadas a dedo. E mais: proibição do consumo em
lugares públicos. Noite dessas aconteceu num bar uma cena, digamos, engraçada: o canadense quis passar para a smoking area do lado de fora, mas foi impedido por estar com um copo na mão. Beber é dentro, fumar é fora: quem gosta de fazer os dois ao mesmo tempo, melhor ficar em casa.
Hoje
entramos numa loja de bebidas: uma garrafa de Smirnoff, a mesmíssima
que trouxemos, é vendida por 36 dólares e caqueirada. Doing the
math, para usar uma expressão que aprendi ontem, dá em torno de
80 reais. Confesso
que no fundo sentimos um certo contentamento. Afinal, nem tudo na
terra da gente pode custar mais, muito mais, absurdamente mais caro. E nem tudo na terra da gente deve nos entristecer por não ter regras. Pelo menos nisso a gente tem a ilusão de sair ganhando: comprar uma
garrafa de vodka por 22 reais para bebericar onde bem entender.
Deu
até saudades do MUNDIAL. O de Copacabana, é claro. E da caipirinha
na praia com o por do sol de Ipanema ao fundo. Mas isso, só lá.
Viajar
também serve para isso: redescobrir no meio de tantas coisas novas e fabulosas, o
“só lá”. Viajar é, antes de tudo, a experiência que fazemos da
parcialidade e da incompletude.
Nossa
e a do mundo.
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