"– O que aconteceu?
– Um homem se jogou da janela lá de cima, uns trinta anos – respondeu como um apresentador de telejornal, erguendo a cabeça em direção ao último andar.
Pensei: um homem de trinta anos se jogou da janela enquanto eu estava no consultório. Senti a angústia desse homem, a minha angústia, a angústia humana. Uns se acomodam, outros procuram um analista, outros se jogam pela janela. O que faz um homem se jogar do sexto andar? Que insuportável da vida pode ser pior do que uma queda insuportável? Lembrei-me do homem do quadro olhando os arranha-céus de New York. Imaginei o homem morto no chão, minutos atrás olhando os telhados de ardósia de Paris. E o consultório de minha analista logo ali, dobrando a esquina, do outro lado da rua, atrás da porta pesada.
Eu e o meu drama.
Terá o homem escapado ao seu?"
Diário de um analisando em Paris, p.47
– Um homem se jogou da janela lá de cima, uns trinta anos – respondeu como um apresentador de telejornal, erguendo a cabeça em direção ao último andar.
Pensei: um homem de trinta anos se jogou da janela enquanto eu estava no consultório. Senti a angústia desse homem, a minha angústia, a angústia humana. Uns se acomodam, outros procuram um analista, outros se jogam pela janela. O que faz um homem se jogar do sexto andar? Que insuportável da vida pode ser pior do que uma queda insuportável? Lembrei-me do homem do quadro olhando os arranha-céus de New York. Imaginei o homem morto no chão, minutos atrás olhando os telhados de ardósia de Paris. E o consultório de minha analista logo ali, dobrando a esquina, do outro lado da rua, atrás da porta pesada.
Eu e o meu drama.
Terá o homem escapado ao seu?"
Diário de um analisando em Paris, p.47
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