A ilustre filósofa
Marilena Chauí, por quem tenho grande respeito, disse num encontro comemorativo
do PT:
“Eu odeio a classe média... a classe média é um atraso de vida, a classe média é estupidez, a classe média é reacionária, conservadora, ignorante, petulante, arrogante, terrorista, fascista... A classe média é uma abominação política, ética e cognitiva.”
E concluiu dizendo que, na verdade, só existem duas classes: burguesia e classe trabalhadora.
Caramba! Isso dá panos para a manga. Mais ainda, para minha curiosidade. Fiquei a me perguntar a que classe pertence Marilena Chauí. Se ela já odeia a classe média, o que dirá da burguesia. Por exclusão obviamente, deduzo que a filósofa pertence à classe trabalhadora, é isso mesmo? Intelectual é sinônimo de trabalhador? Está certo que intelectual trabalha, e muito. “A nervura do real”, do punho da própria filósofa, um calhamaço sobre Espinosa de mais de seiscentas páginas, não me deixa mentir. Quem se atreve a uma empreitada dessas sem a força braçal de um Hércules?
Mas sei não. Todos os que trabalham pertencem à classe trabalhadora?
Das duas uma: ou a filósofa está incorrendo numa baita contradição, ou eu tenho que revisar urgentemente meus conceitos. Seja como for, e a despeito da classe à qual Marilena Chauí pertença, permito-me com todo respeito dizer: a ilustre filósofa perdeu totalmente a classe.
“Eu odeio a classe média... a classe média é um atraso de vida, a classe média é estupidez, a classe média é reacionária, conservadora, ignorante, petulante, arrogante, terrorista, fascista... A classe média é uma abominação política, ética e cognitiva.”
E concluiu dizendo que, na verdade, só existem duas classes: burguesia e classe trabalhadora.
Caramba! Isso dá panos para a manga. Mais ainda, para minha curiosidade. Fiquei a me perguntar a que classe pertence Marilena Chauí. Se ela já odeia a classe média, o que dirá da burguesia. Por exclusão obviamente, deduzo que a filósofa pertence à classe trabalhadora, é isso mesmo? Intelectual é sinônimo de trabalhador? Está certo que intelectual trabalha, e muito. “A nervura do real”, do punho da própria filósofa, um calhamaço sobre Espinosa de mais de seiscentas páginas, não me deixa mentir. Quem se atreve a uma empreitada dessas sem a força braçal de um Hércules?
Mas sei não. Todos os que trabalham pertencem à classe trabalhadora?
Das duas uma: ou a filósofa está incorrendo numa baita contradição, ou eu tenho que revisar urgentemente meus conceitos. Seja como for, e a despeito da classe à qual Marilena Chauí pertença, permito-me com todo respeito dizer: a ilustre filósofa perdeu totalmente a classe.
O discurso de Marilena Chauí encontra-se na reportagem:
acho na minha sem pensar muito opinião, que ela se refere mais aos hábitos estereotipados e desejos impostos pelo marketing do que ao salário. Vc pode fazer parte de qualquer faixa de renda e ser um classe média com os usos e costumes muito arraigados .Graça Nunes (amiga do facebook) https://www.facebook.com/gracenunes. Não consigo postar de outra forma.
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ExcluirPrezada Graça,
ExcluirNaturalmente a própria expresssão "classe média" é esteriotipada e a filósofa, em seu esforço crítico e reconhecida seriedade, de certo visa a chamar-nos a atenção para isso.
No entanto, o risco que se corre quando se combate esteriótipos, é justamente o de se valer de novos esterióticpos. "Eu odeio a classe média" não equivale exatamente a isso?
Obrigado por acompanhar o Diário
Ótimos questionamentos, Pfeil! Todos muito coerentes. Talvez ela pudesse ter feito melhor asumindo-se como classe média e falando como quem fala de um lugar, ao mesmo tempo, igual e diferente dos demais "classe-média." É possível pertencer a um grupo por circunstâncias e diferenciar-se dele por convicções. Ela 'pecou' por não mencionar isso.
ResponderExcluirAgora, que em todo lugar há retrógrados,há. Boa parte da classe trabalhadora frequenta os templos da ignorância. Muita gente da classe burguesa faz demagogia com esses ignorantes, mantendo o status quo. Não há lugar seguro. Há seres pensantes ou não.
Beijo, Sergio Viula.