Relendo a "Apologia de
Sócrates", texto de Platão, damo-nos bem conta de que aquele que crê
saber, não procura saber.
É o caso dos deuses.
Também dos psicóticos.
Uns e outros não desejam
saber, tampouco precisam buscar saber, posto que são a própria sabedoria. Em
outras palavras, não são filósofos.
Quem pensa saber,
satisfaz-se consigo mesmo ignorando a própria ignorância. A consciência de não
saber, ou o fim da ilusão de saber, é condição sine qua non para o
questionamento: qual o sentido da minha existência? qual o sentido dos meu
atos? Filosofar, é acima de tudo, não saber, dar provas de nossa insuficiência
em relação à verdade.
Lembrei de Lacan que no seu estilo provocativo afirma:
"Eu digo sempre a verdade, nem toda, porque dizê-la toda é
impossível". Sócrates possui a
particularidade de nunca responder às questões mas sempre relançar o enigma. O
analista, por sua vez, presentifica o enigma.
Lacan socrático, Sócrates lacaniano.
Lacan socrático, Sócrates lacaniano.
Seja como for, filósofos e
psicanalistas - refiro-me naturalmente aos que mantém uma postura honesta com
si próprio - tudo a ver.
Com não saber.
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