1 de março de 2014

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Dada no Copa




O tema do Baile do Copa de 2014 - Dada - está causando, digamos, um certo embaraço. Ninguém sabe ao certo o que o tema significa: - Não entendi muito bem esse negócio de “Dadá” - dizia uma modelo do Baile enquanto provava a fantasia - parece fala de criança, gugu dadá. Não é que parece mesmo coisa de tatibitate? Certo ou errado, todo mundo tem razão: Dada não significa nada, absolutamente nada. Ou melhor, Dada é o próprio nonsense, a falta de sentido, como o balbuciar do bebê, a “lalangue” como diz Lacan. A modelo, sem saber, teve uma intuição primitiva, original, no limiar dos primórdios da linguagem.
Diz a lenda que o nome de batismo do movimento de vanguarda artística nascido em Zurique durante a Primeira Guerra Mundial, foi encontrado totalmente por acaso, com a ajuda de um corta-papel introduzido aleatoriamente entre as páginas de um dicionário Larousse. Dada, a sonoridade agradou; pronto, estava feita a escolha. A partir de então, a palavra francesa que na linguagem infantil quer dizer “cavalo de pau”, passou a encarnar um inconformismo radical contra as leis da lógica e da razão, uma reação cáustica, escandalosa a qualquer tipo de norma ou convenção, seja ela intelectual, estética, literária, política ou ideológica. Dada proclama, em suma, a liberdade total de expressão, o que ao mesmo tempo significa tudo e nada. 
Esse espírito subversivo, libertário, se propagou no movimento Surrealista alguns anos mais tarde, fato ao qual os Relógios Moles de Dali, esboçados no convite do Baile, fazem alusão. Quem reparar bem, vai ver que o cavalinho de pau - dada - aparece também: upa, upa!
Agora é hora de concentrar para, logo mais, dar uma de Dada no Copa.